Por Renato Rodrigues, em sua primeira experiência como piloto profissional.
Aerolevantamento com drone no Canal do Sertão - Alagoas
Saímos de Salvador rumo ao sertão alagoano, cada um com sua expectativa a qual confesso nem ter muita ideia do que iria encontrar pela frente. Por mais que tenhamos visto mil vezes as imagens pelo Google Earth, tentando antecipar e planejar nossa operação, ao chegar no local vimos o quanto a realidade é diferente.
Depois de uma viagem de pickup lotada, levando, além dos drones e nossas bagagens, uma infinidade de equipamentos, materiais e ferramentas chegamos em Paulo Afonso, nossa referência de estarmos atravessando a divisa BA/AL e chegando em nosso destino - Paulo Afonso merece ser visitada - Milagre da construção humana onde a natureza privilegiou nossos olhos com o Rio São Francisco e seus canions junto a um meio ambiente árido, duro e belo. Um bom lugar para dizer adeus à Bahia por duas semanas.
O Sertão Alagoano
Chegamos de noite em Delmiro Golvea, cidadezinha mais próxima do início do serviço. Pequena, simpática, limpa e acolhedora. Uma surpresa agradável. Ficamos em um bom hotel com um bom banho e uma boa cama. Tudo o que é necessario.
De manhã cedo saímos para conhecer nosso destino, o canal do Sertão; 110km de serviço começando ali, perto do rio São Francisco. Vegetação de caatinga, raposas, muitas corujas e terra árida eram nossa companhia constante.
O canal, muito bem construído foi sempre um convite ao mergulho, o proibido sempre rondando nossa vontade. E de km em km íamos avançando com nossos voos programados. Parecia competição, pois da decolagem ao pouso o drone levava 15 minutos, tempo que tínhamos para cruzar essa distância levando o rádio controle, caixa do drone, mochila com baterias extras etc.
Não era uma corrida difícil, ao menos quando não tinham vacas, bezerros e bois com chifres afiados em nosso caminho. Mas tudo deu certo.
O ponto alto dos fotógrafos amadores era sempre o por do sol... lindos! Mil fotos nessas horas. E o jantar resenhando também era uma boa hora do dia. De resto muito trabalho.
O Serviço
Ter a meta de 11 km por dia de caminhada e voos não parece ambiciosa, mas se considerarmos os acessos, o sol à pino, o vento de rajadas fortes, o canal ao lado nos cobrando exatidão em pousos e decolagens e outros detalhes a coisa passa a ficar mais exigente.
O trabalho de Rafael, de fixar marcos, botar os equipamentos para funcionar e pintar alvos no solo o dia inteiro também foi "brabo". Era um pit stop a cada parada para varrer o chão, pintar dois quadrados o melhor possível e o mais veloz também, pois atrás vinha incansável a equipe de voo, com sua abelha gigante zuando sem parar.
E não poderia deixar de citar a emocionante prática de "enduro" na carona da moto que nos serviu. Aquilo sim, emocionante! Um quase-tombo o tempo todo.
O aprendizado
Ao conhecer tantos recantos humildes, com gente boa que dividia seu tempo, seu lugar, sua energia elétrica (para carregarmos as baterias) e sua amizade gratuita só podemos constatar o quando tem gente boa por aí, e o quanto é gostoso adentrar em sua realidade, ver que são felizes, que com a chegada da água em abundância já se sentem privilegiados.
Passamos a dar mais valor ao social, ao necessário e ao respeito mútuo onde todos dão importância à todos. Uma grande experiência técnica e social. Um verdadeiro teste de o quanto deixamos de ser frescos vivendo um serviço deste, em uma realidade desta.
O final de nossa viagem foi em Piranhas, cidade histórica no São Francisco, turística e linda. Cheia de turistas absorvendo sua cultura, sua história, seu meio ambiente.
Foi expetacular!!
A missão em números....
Extensão: 110km
Voos: 112 voos em 11 dias
Imagens geradas: 35274 imagens
Pontos de apoio: 408 pontos de controle e 34 pontos de checagem
Marcos geodésicos: 11 marcos
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